30 de março de 2010

ARIANO- TURNÊ GRANDE CHICO


 Ariano Suassuna é uma figura quase mítica. Todo mundo já viu alguma peça, leu algum livro, ou, pelo menos, já ouviu falar dele. Criador de romances clássicos como "Auto da Compadecida" e "Pedra do Reino", o escritor paraibano radicado em Pernambuco torna-se personagem no espetáculo "Ariano". A montagem faz parte das homenagens pelos 80 anos do escritor .
A peça, da Cia. Teatral Epigenia Arte Contemporânea, é uma saga poética em que o jovem Ariano, interpretado pelo pernambucano Gustavo Falcão, segue em busca do Reino de Acauã, uma referência à Fazenda Acauã, onde o escritor nasceu, no interior da Paraíba.
- O espetáculo pode ser visto como um sonho que Ariano teve aos 35 anos, idade que é considerada como o meio da vida, em que as escolhas podem mudar o rumo dela - explica Falcão.
Com direção de Gustavo Paso, o espetáculo é repleto de simbologias, misturando referências à biografia de Suassuna com personagens de suas obras. A estrutura do texto é inspirada na "Divina comédia", de Dante, sendo dividida em três partes: "Sol" (Inferno), "Sangue" (Purgatório) e "Sonho" (Paraíso).
Cena da peça 'Ariano', que mistura passagens da vida do escritor com referências a suas obras / Divulgação
- A história começa com um evento trágico, a morte do pai de Ariano, quando ele tinha três anos. Um acontecimento que marcou muito a vida dele. Uma coisa bacana é que a gente utiliza algumas passagens da vida dele e uma vertente pouco conhecida de Ariano, que é a poesia - conta o ator.
Os personagens das obras do escritor, como o célebre João Grilo, aparecem quase que em episódios, evocados por um Ariano que lhes pede auxílio em sua busca.
Segundo Falcão, o homenageado não hesitou em aprovar o espetáculo. Quando o texto ficou pronto, Ariano leu e não quis fazer nenhuma alteração na história.
- Ele liberou tudo, das referências à vida dele até as obras. O projeto é um trabalho muito apaixonado, que tem muita admiração e respeito por ele - diz.
Interpretar um personagem que não só existe, como está vivo, é o maior desafio para o ator.
- Eu nunca quis tentar reproduzir o jeito dele. Para mim, é mais importante tentar transmitir o sentimento dele na relação com os personagens. Acho perigoso e pouco interessante tentar imitar. Muito provavelmente eu não faria jus a ele.
Erika Azevedo - O Globo Online

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